A semente



Num acalorado dia de outono, uma menininha jogou uma semente dentro de um buraco na terra, recobriu-a e esperou sua flor crescer.

Mas logo chegaram as neves do inverno e formaram um espesso cobertor branco sobre o chão. E a pobre semente não pôde crescer.

Depois de esperar pacientemente durante semanas e meses, a menininha olhou porta afora e disse:

– Vamos, sementinha, cresça logo, cresça muito, muito, até que você tenha um caule comprido coberto de folhas verdes e enormes flores amarelas.

Mas a semente respondeu:

– Ainda estou com frio, enregelada. Você terá que pedir a outrem.

– A quem? – perguntou a menininha.

– A terra enrijecida, em cujo seio me encontro – disse a semente.

– É o que vou fazer – gritou a menininha. – Terra, terra, por favor, amoleça para que a minha sementinha possa se aquecer e se transformar numa flor.

Mas a terra respondeu:

– Você terá que pedir a outrem.

– A quem? – perguntou a menininha.

– A neve que me recobre – disse a terra.

– É o que vou fazer – gritou a menininha. – Neve, neve, por favor, derreta para que a terra amoleça e a minha sementinha possa se aquecer e se transformar numa flor.

Mas a neve respondeu:

– Você terá que pedir a outrem.

– A quem? – perguntou a menininha.

– Ao sol que me derrete – disse a neve.

– É o que vou fazer – gritou a menininha. – Sol, sol, por favor, apareça para que a neve derreta e a terra amoleça e a minha sementinha possa se aquecer e se transformar numa flor.

Mas o sol respondeu:

– Você terá que pedir a outrem.

– A quem? – perguntou a menininha.

– Às nuvens que me recobrem – disse o sol.

– É o que vou fazer – gritou a menininha. – Nuvens, nuvens, por favor, vão embora para que o sol apareça e a neve derreta e a terra amoleça para que a minha sementinha possa se aquecer e se transformar numa flor.

Mas as nuvens responderam:

– Você terá que pedir a outrem.

– A quem? – perguntou a menininha.

– Ao vento que sopra para longe – disseram as nuvens.

– É o que vou fazer – gritou a menininha. – Vento, vento por favor, sopre para que as nuvens vão embora e o sol apareça e a neve derreta e a terra amoleça para que a minha sementinha possa se aquecer e se transformar numa flor.

Mas o vento sussurrou em seu ouvido:

– Você terá que pedir a outrem.

– A quem? – perguntou a menininha.

– A Deus que faz tudo crescer – disse o vento.

– É o que vou fazer – gritou a menininha. – Eu deveria ter pensado nisso.

Então ela se ajoelhou, juntou as mãos e pediu.

Deus, peça ao vento que sopre para que as nuvens vão embora e o sol apareça e a neve derreta e a terra amoleça para que a minha sementinha possa se aquecer e se transformar numa flor.

E Deus sorriu para a menininha.

Ela tornou a olhar porta afora. Havia uma brisa morna. As nuvens tinham ido embora, o sol estava brilhando, a neve derretendo e a terra amolecendo e se recobrindo de verde.

E em pouco tempo a flor surgiu.


“Há duas formas para viver sua vida: uma é acreditar que não existe milagre; a outra é acreditar que todas as coisas são um milagre”. - Albert Einstein

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